ST 14: Intelectuais e projetos políticos de descolonização na África: entre reformismo colonial, independência radical e comunidades transnacionais.
Dra. Cibele Barbosa da Silva Andrade (CEAS)
Este simpósio témático tem como objetivo discutir os projetos políticos de descolonização formulados por intelectuais atuantes no espaço atlântico lusófono e francófono, entre as décadas de 1940 e 1970. A proposta parte da compreensão de que a luta contra o colonialismo foi também uma disputa de ideias, em que diferentes visões de mundo e modelos de futuro foram colocados em confronto. O simpósio buscará examinar as tensões entre o reformismo colonial — a partir de propostas de assimilacionismo cultural francês ou de teorias de origem lusotropicalista, que buscavam justificar uma colonização portuguesa supostamente mais “harmoniosa” — e os projetos de ruptura radical, como os formulados por Amílcar Cabral, Mário Pinto de Andrade e outros militantes anticoloniais que denunciaram as violências estruturais da dominação europeia. Também serão discutidas propostas de comunidades políticas transnacionais, como o pan-africanismo, o internacionalismo socialista e as redes intelectuais afro-atlânticas, que desafiavam os limites do Estado-nação herdado da colonização. Ao reunir contribuições interdisciplinares, o simpósio visa iluminar os debates intelectuais e estratégicos que moldaram os caminhos da descolonização nos mundos lusófono e francófono, destacando o papel central dos intelectuais como mediadores entre cultura, política e emancipação.
04 de novembro (13:30h-16:30h)
Cibele Barbosa da Silva Andrade (CEAS):
Gilberto Freyre e o colonialismo esclarecido nas décadas de 1950-60.
Alberto Luiz Schneider (PUC/SP):
Gilberto Freyre na Imprensa: Brasilcentrismo e o colonialismo português na África nas páginas da revista O Cruzeiro (1953-1961).
Adrien Nery (Université Paris 8):
Descolonizar “à francesa”: a atuação da extrema direita anticomunista francesa nas descolonizações portuguesas (1960-1963).
Giselda Brito Silva (UFRPE):
A construção do nacionalismo angolano pela educação anticolonial (1961-75).
Wanessa Horrana Francisca da Silva (UFPB):
Do Mito da Harmonia à Luta de Classes: Gilberto Freyre e Clóvis Moura em Disputa pela interpretação do Brasil.
Ana Coppola (LAM/BORDEAUX MONTAIGNE):
Léopold Sédar Senghor e o lusotropicalismo: tensões entre poesia, política e mestiçagem cultural.
Raissa Brescia dos Reis (UFRJ):
Periódicos como fontes para a história da África: revistas e intelectuais na articulação do anticolonial (1950-1970).
Luiza Ferreira da Silva (UDESC):
Chinua Achebe e o Mbari Artists and Writers Club of Ibadan: memórias, narrativas, arte e lutas por emancipação (Nigéria, 1960).