OF 01: Historiografia em primeira pessoa ou a escrita da história como Experiência Encarnada: Convites Metodológicos.

Local e horário: Dias 5, 6 e 7 na Sala de Audiovisual da Biblioteca Universitária Prof.Isaías Alves, das 9h às 11h.

Ministrado por: Bruno de Oliveira Moreira (Professor do Instituto Federal da Bahia – Campus Santo Amaro / Doutorando em História Social pela Universidade Federal da Bahia (PPGH-UFBA).


A proposta da oficina é constituir um espaço de diálogo acerca da implicação do historiador/historiadora no exercício de uma (auto)escrita historiográfica e da possibilidade do entrecruzamento declarado de suas vivências, experiências e afetos com seu texto acadêmico. Também nos voltaremos para algumas contribuições que nos possibilitam uma reflexão sobre tal enlace (COSTA, 2014; SELIGMANN-SILVA, 2022; AGULHON et. al, 1989; ALBUQUERQUE Jr., 2009). Nesta direção, também pretendemos lançar algumas provocações sobre possíveis diálogos entre a autobiografia e a produção em História, seja considerando o texto autobiográfico como fonte, seja como leitura historiográfica em si. A questão da escala na historiografia também será objeto de reflexão em suas possíveis relações com o enfoque proposto, propondo-se uma percepção da microanálise como apreciação particular de fontes históricas e de construção narrativa. Por fim, também integram as propostas da oficina a realização de um exercício optativo de produção textual que abarque sumariamente interesses de pesquisa mobilizados pelos participantes a partir dos convites metodológicos feitos.

Partimos do pressuposto de que toda escrita historiográfica é também uma escrita sobre si, apropriação do real elaborado a partir do sujeito que enuncia e dos marcadores sociais que o atravessam, seus afetos e devires. Nesta operação, na qual a interpretação do real está mediada pelos fluxos vividos (e sentidos) e condicionada aos limites da linguagem disponível, o texto de História é revelador do percurso de quem o escreve, de sua potência e também de seus limites.

A presente proposta intentará produzir um espaço de diálogo sobre a escrita historiográfica a partir da demarcação positiva de um lugar de incorporação de uma escrita em primeira pessoa aberta às experiências pessoais como motor de produção de sentidos. Atentos ainda à dimensão do “corpo e sua localização” como condição intrínseca da produção de narrativas (SELIGMANN-SILVA, 2022), pensamos que a oficina também propõe um reconhecimento de novas viradas paradigmáticas em tempos pós-coloniais, em que a dimensão da corporeidade e sua relação com o mundo tonificam a produção de percursos científicos (Id. Ibid).


Referências bibliográficas

AGULHON, Maurice [et al]. Ensaios de ego-história. trad. Ana Cristina Cunha. Rio de Janeiro: Edições 70, 1989.

ALBUQUERQUE JR., Durval Muniz de. Resenha de: REIS, João José. Domingos Sodré, um sacerdote africano: escravidão, liberdade e candomblé na Bahia do século XIX. Revista brasileira de história. São Paulo, v.29, no 57, p. 211-2017.

COSTA, Cléria Botelho da. “A escuta do outro: os dilemas da interpretação”. In: História Oral, v. 17, n. 2, p. 47-67, jul/dez. 2014.

FANON, Frantz. Pele negra, máscaras brancas. trad. Sebastião Nascimento. São Paulo: Ubu, 2020.

REVEL, Jacques (org.). Jogos de escalas: a experiência da microanálise. Rio de Janeiro: Editora FGV, 1998.

SELIGMANN-SILVA, Márcio. A virada testemunhal e decolonial do saber histórico. Campinas: Editora da Unicamp, 2022.